domingo, 16 de dezembro de 2012

"Ele"




Hoje eu acordei pensando nele. Sei que você também. O seu “ele” não é o mesmo que o meu, mas sei que também acordou pensando nele. Acho que sempre vamos dormir e acordamos pensando nele né? Parece que sempre tem um “ele” já reparou? Não adianta. Eu posso ser completamente diferente de você, mas eu tenho um “ele” e você também. Eu não falei nome algum aqui e nem preciso, mas você definitivamente tem um nome particular pra atribuir ao “ele”. E eu também. Sempre teremos. Nossos eles irão constantemente mudar o nome particular, a vida está constantemente renovando o nome do protagonista, mas sempre tem um. Alguém. Qualquer um. E sempre passaremos um tempo considerável pensando nele. Porque é bom. É divertido. É bom conversar mentalmente com ele fazendo todo um script de conversa que nunca acontecerá. É divertido imaginar as reações dele se você fizesse isso ou assado, dissesse isso ou assado, vestisse isso ou aquilo. É bom imaginar a sensação de beijá-lo. É divertido imaginar algo mais. É gostoso poder simplesmente falar “ele” e suas amigas, família e sabe mais quem, saberem a quem você se refere. Porque é “ele”. O SEU “ele”. E todo mundo sabe. Se o proibido e o escondidinho tem um prazer, o declarado também tem. Ele sabe que é seu. Suas amigas. Seus amigos. Sua família. Todo mundo. O seu “ele”. Aquele “ele” que começou com somente você sabendo. Depois sua melhor amiga. Depois outras amigas. Depois amigos. Até que todo mundo ficasse sabendo menos “ele”. Ai um dia você decide contar a “ele”. E ele fica sabendo que é seu “ele” especial. Só seu. Você já não tem mais espaço pra ninguém. Só tem espaço pra um só. Seu desejo é um só. É por “ele”. Somente e exclusivamente por “ele”. E então você vai dormir pensando nele. E eu também. Seu “ele” não é o mesmo que o meu, mas sei que também dormirá pensando nele. O seu “ele”. Aquele “ele” que não precisa ter nome, pois sempre sabemos quem é. E isso basta.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Até quando...?


Eu gostaria de saber até quando você irá tentar negar tudo isso que existe entre nós. Não sei o que é, nunca soube e não sei se algum dia saberei. Também não sei se você sabe, mas acredito que não. Nisso estamos empatados, nós não sabemos o que é isso que temos, só sabemos que é forte. Mas até quando...?
Até quando você irá me fazer sofrer te vendo com outra? Até quando você irá me forçar a aparecer com outros? Até quando estaremos com pessoas aleatórias e menos com quem mais gostaríamos de estar? Eu queria muito saber, meu amor, até quando continuaremos com isso.
Até quando te terei longe de mim enquanto estás perto? Até quando terei que olhar em seus olhos e ao não suportar essa angústia do não te ter, ter que desviar meu olhar? Até quando iremos negar? Até quando terei que roer minhas unhas de nervoso? Até quando iremos mentir pros outros e mais importante, pra nós mesmos? Até quando você continuará cego para meus sentimentos em relação a você? Até quando duvidará da veracidade deles? Até quando você continuará com essa postura cética? Até quando duvidará das minhas palavras? Até quando duvidará que eu quero você e somente você? Até quando irá nos fazer sofrer? Até quando eu me verei impedida de te dizer o mais importante? Até quando iremos permanecer nessa constante reticências, no incerto? Hein, meu amor, até quando? Só quero saber isso, até quando. Até quando você irá me impedir de olhar nos teus olhos e me deixar dizer uma coisa que você já sabe há séculos e que eu custei a ver, nada mais e nada menos que três palavrinhas que dizem muito dizendo pouco. Até quando não poderei dizer que eu amo você?

domingo, 25 de novembro de 2012

Amor...?


- Eu não posso. – falei abaixando a cabeça evitando seu olhar.
- Por que não? – ele me perguntou fazendo com que eu levantasse minha cabeça para olhá-lo.
- Porque... – eu comecei a falar, mas me interrompi mordendo os lábios. Voltei a abaixar minha cabeça e a encarar o chão. Seria mais fácil do que olhar em seus olhos e ver, pior, sentir tudo o que ele sentia, eu sentia também e não podia retribuir.
- E então...?
- Não podemos. Não é certo. – eu disse por fim. Eu sabia que ele não entendia exatamente e se entendia, não concordava. Talvez uma das piores coisas da vida seja dizer não quando cada centímetro do seu corpo implora pra que você diga sim.
Finalmente eu reuni coragem de novo para olhá-lo nos olhos. O desejo, a vontade, a urgência, estavam ali tão presentes e de forma tão intensa que era quase palpável. Desejos que pareciam ir muito além apenas do sexual, do corpo a corpo, do físico. Era um desejo mais profundo.
Era o desejo e a urgência de conhecer. O desejo de explorarem-se com todos os sentidos, paladar, olfato, tato, audição, visão. A urgência de uma entrega. Uma entrega mútua. Um desejo do gozo não somente físico, mas da alma.

sábado, 17 de novembro de 2012

It must have been love


E como eu sou burra e estúpida, eu vou deixar você novamente corromper todos os meus outros sentimentos por outras pessoas que não você, como se alguma vez eu tivesse mesmo uma escolha, como se eu não tivesse sido sempre sua, só esperando você voltar.
Eu vou deixar você me dizer o quão feio, deturpado e defeituoso são os outros sentimentos das outras pessoas por mim, vou deixar você me dizer que o meu por elas, também é assim, vou deixar você me dizer como se o nosso não fosse. Como se o nosso fosse o único que não é feio, deturpado e defeituoso. Como se o nosso fosse a única coisa que nos mantém puros. Como se o que a gente tem fosse a única coisa que presta nesse mundo de coisas e sentimentos e pessoas imprestáveis. Porque é amor. Querendo ou não, é amor. A gente admitindo ou não, continuará sendo amor. É o que é, independentemente dos valores que agregamos a ele ou como o interpretamos. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Tudo o que eu sempre quis


Tudo o que eu sempre quis foi viver pra sempre. E nada de Pedra Filosofal, elixir especial ou qualquer coisa do tipo. Confesso que já cheguei quando criança, a acreditar que um dia eu viraria uma vampira após ser mordida por um morcego. Confesso, não ligo se é tolice ou não, continuo desejando que isso fosse possível de acontecer.
Porém, mais do que qualquer outra coisa, eu desejo viver pra sempre na mente das pessoas. E isso não bastará fazendo aqueles que tenho por perto pessoas felizes e especiais embora tenho que confessar que me agrada muito fazer feliz quem eu amo.
Mas infelizmente ou não, não sei, eles também morrerão e junto com eles, toda e qualquer memória que possam ter de mim e memórias não são transferíveis. Tornando isso, portanto, impossível, inviável.
Tudo o que eu sempre quis foi viver pra sempre. Oh sim. Queria eu poder escolher assim como Aquiles pôde escolher um dia. Se viver até a velhice e formar uma bela família feliz ou se viver pra sempre, ficar pra história, permanecer na mente dos homens.
Não há duvidas pra mim qual seria a minha escolha. Não me entendam errado, parece ser demasiado bom formar uma família e viver feliz, mas eu nunca quis morrer velha. Nunca me imaginei sequer constituindo nenhuma família.
Eu tenho a alma de artista. Artistas são exagerados, dramáticos, aventureiros, nômades por natureza. Não há como se prender ao que todos os demais se prendem. Se fosse assim, seriamos normais, e não o somos.
Oh como seria esplêndido que geração após geração continuasse a ler tudo àquilo que escrevi e admirassem, reconhecessem a sabedoria e a experiência por trás de minhas palavras. Que mesmo que não soubessem como meu rosto terá sido um dia, reconhecessem meu nome ao ouvi-lo. Que soubessem que fui uma grande escritora de minha época.
Que geração após geração ainda desfrute os prazeres e nuances ao ler um romance meu. Que chorem junto com as dores e perdas dos personagens, que chorem de alegria, que se apaixonem com os apaixonados, odeiem e amaldiçoem aqueles que assim o merecerem. Que se joguem e se entreguem a minha literatura. Que ela cause todos os sentimentos mais profundos. Que estudantes aprendam e tentem desvendar as minhas intenções. Que me xinguem dizendo que eu não tinha mais o que fazer senão escrever!
Outros, mais perceptivos, os pequenos jovens de mentes brilhantes, que vão um pouco mais a fundo se perguntando que tipo de vida eu teria levado. Que tipo de vida me faria escrever tão belo romance ou o que me levaria a descrever as mais profundas maluquices humanas.
Ah sim, reconhecimento. Que coisa melhor pra um artista? Não quero dinheiro. Se eu ganhar, por favor, lógico que aceito de bom grado afinal preciso viver, comer, como qualquer outro ser humano, mas jamais será a minha prioridade.
O dinheiro jamais será a minha chama pra produzir minha literatura, jamais será o motivo pra me inspirar a escrever. Prazos, prazos e mais prazos em nada me atraem e muito menos a produção em escala industrial somente pelo lucro.
Não.
Desejo certamente produzir tantos livros os quais eu possa escrever, mas todos que sejam escritos com tudo aquilo que de melhor eu posso dar. Que eu possa sentir todas as emoções de meus personagens e visualizá-los como pessoas vivas que sinto que são. Oh sim. Que eu possa transmitir ao meu leitor todos os dramas, alegrias ou qualquer outro sentimento dos meus personagens.
Que a Deusa me permita escrever o que de melhor eu posso e que não me permita jamais escrever personagens vazios carentes de alma, de sentimentos, de reflexões, incapazes de despertar qualquer sentimento em alguém.
Eu preferiria não escrever se assim o fosse. Preferiria que minha inspiração fosse tirada pra sempre e que eu jamais voltasse a escrever.
Tudo o que eu sempre quis foi viver pra sempre na mente daqueles que amam a literatura. Passando de geração a geração.
Tudo o que eu sempre quis, foi retribuir o muito que a literatura me deu.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não importa



E não importa.
Não importa os milhares de possíveis defeitos que você tenha ou venha a ter, que todos, inclusive eu mesma, consigo ver e apontar.
Não importa tudo aquilo que você fez e disse no passado, o que deixou no ar.
Não importa tudo aquilo que você deixou de fazer ou dizer.
Não importa pra mim e espero que nem pra você.
Não importa se na primeira vez que nos vimos você estava sofrendo de amor por Outra, se estava lamentando a ausência de alguma Outra, ou se estava sofrendo por abandono de Outras.
Não me importa.
Não importa se na primeira vez em que nos beijamos você pensava em qualquer uma menos eu.
Não importa se seu coração estava um breu.
Não me importa.
Não importa se na primeira vez que me viu me julgou estranha ou qualquer outro adjetivo desagradável que tenha atribuído a mim.
Não importa se o resto do mundo é contra.
Não importa se o resto do mundo é a favor tão pouco, enfim.
Não me importa.
Não importa o que as pessoas dizem.
Não importa o que elas pensam.
Não importa o que as pessoas especulam e esperam.
Não importa se já passou vários momentos abraçado com Outras cantando músicas de amor.
Não importa o quanto já teve de dor.
Não importa.
Não importa se já tocou e cantou músicas igualmente apaixonante pra Outras.
Não importa se já escreveu uma música de sua autoria pra Outras.
Não me importa.
Não importa os ‘eu te amo’ possivelmente declamados anteriormente.
Não importa as fotos tiradas, os presentes trocados e as palavras entaladas na garanta conseqüentemente.
Nem mesmo aquelas jogadas ao vento.
Não me importa.
Não me importa tudo o que passou.
Não importa quem você foi ou deixou de ser.
Não importa o que está no passado, afinal, É passado.
Não importa os desencontros que tivemos.
Nada disso importa.
Não agora. Não pra nós dois.
Se importasse, você estaria com elas e não comigo, pois.
Não importa o seu passado, nem o meu.
Eles não deram certo e nem teriam como dar.
Esperávamos um pelo outro, não da pra negar.
Mesmo sem eu saber,
o que eu esperava era você.
Mas enfim...
Quer saber o que importa?
O que importa é o agora.
O aqui. O ‘eu e você’ o ‘você e eu’. O ‘nós’.
O que importa é a sensação de satisfação, luxúria exacerbada, misturada a uma intensidade romântica que eu não sei de onde vem.
O que importa é que mesmo longe, eu te sinto perto também.
O que importa é aquela dor no peito, aquela angustia toda vez que me despeço de você.
O que importa é a angustia de não poder te ver.
O que importa é a sensação de felicidade em somente te ver.
O que importa são as borboletas no estomago quando eu recebo um sms seu ou vejo que está online.
Isso me importa.
O que importa é que você me faz bem.
O que importa é que eu te quero muito, mais muito mais que bem.
O que importa é que eu te quero. Te quero agora.
O que importa é que quanto mais eu te conheço, mais eu quero conhecer.
O que importa é que quanto mais eu te ganho pra mim, mais eu quero ter.
O que importa se resume em dois nomes: no meu e no seu. Juntos por um conectivo ‘e’.
Sinceramente, depois de você é difícil até mesmo lembrar do que passou.
O que importa é que nossa história começa agora, pra mim e pra você, sacou?
O que importa é que não deixarei fantasmas do seu passado, e muito menos os do meu, interferir no que temos e venhamos a ter.
Tudo o que realmente importa,
somos eu e você.

domingo, 11 de novembro de 2012

Amigas são pra essas coisas...




Estou com medo. De que? Não sei. Como assim não sabe? Não sei. Mas você tem que saber, se não souber, não posso ajudar. Acho que tenho medo porque nunca me senti assim antes. Assim como? Assim. Se você não falar, não posso ajudar. Desculpe, as palavras fugiram. Tudo bem, apenas tente. Ta. E? E o que? Como você se sente? Feliz. E desde quando felicidade traz medo? A mim traz, eu acho. Você é doida. É, eu sei. Só isso que vai dizer? E o que mais eu posso falar? Que tal me responder sem fazer uma pergunta? Você está fazendo a mesma coisa. Certo, paremos então. Ta. Ta. Não vai dizer mais nada? Estou esperando você falar. Eu não sei o que dizer. Nem eu. Hum. Dois. Não faz isso. Desculpe, mas não sei mesmo como lidar com isso se você não disser qual o problema. Acho que estou apaixonada. Sério? É. Mais que ótimo! Não. Não? Não. Como não? Não. Faz muito tempo que não vejo você assim. É, eu também. Isso é ótimo! Não é, eu não quero. Não acho que você possa escolher. Eu sei e odeio isso. Quem é o cara? Ele. Ele quem? Ele. Não ajudou, eu me perco nos seus ‘eles’. As vezes até eu me perco. Nome? Hum, posso pular a pergunta? Não. Droga. To esperando você me dizer o nome dele. Acho que não quero dizer o nome dele. Por que não? Porque vai tornar mais real. E não é real o suficiente pra você? Acho que ainda não. Ele sabe? Não sei, acho que sabe. Acha? Acho, eu falei pra ele, mas não sei se ele realmente entendeu. Homens. Pois é. E o que você vai fazer? O que eu posso fazer? Não sei, que tal ir atrás dele? Não corro atrás de homem, você sabe. Sei. Pois é. Mas você gosta dele. E? E que você gosta dele. Já gostei de outros antes. Já, e você correu atrás, lembra? Lembro. Então. Mas também lembro que quebrei minha cara. Verdade, mas você não pode viver com medo. Não, não posso. Então, vai atrás dele. Não posso. Logico que pode. Não, não posso. Ele é casado? Não. Tem namorada? Não. Então, qual o problema? Justamente esse, ele é disponível. Até onde eu saiba, isso não é problema. É pra mim. Por que é pra você? Porque eu sou eu, você sabe. Você como? Sou problemática. Normal, toda mulher é. Eu sou mais. Como você pode ser mais? Sou escritora. E? Isso me torna automática mais dramática do que qualquer outra. Verdade. Pois é. Mas então você vai ficar ai sentada sem fazer nada? Não. O que você vai fazer? Ainda não sei. Devia ir atrás dele. Tenho medo. Medo de que exatamente? De me envolver com ele a ponto de não querer mais perder. Isso todo mundo tem. Mas é pior pra mim. Por que é pior pra você? Porque ele me inspira. E? E, como assim ‘e’? E daí que ele te inspira? Não posso jogar minha inspiração ao vento, não posso deixar ele ir embora. Não lutar por ele não é deixar ele ir embora? Não. Não? Não. Hum. Se as coisas continuarem do jeito que estão, não haverá problemas. O medo então é de mudar? Por ai. Todo mundo tem. Comigo é pior. Por que você fica repetindo isso? Porque é a verdade. Dramática. Escritora. To começando a achar que da no mesmo. De fato, da mesmo. Mas e ai, o que você vai fazer? Se eu soubesse estaria dormindo e sonhando tranquilamente. Mas você fará algo? Devo? Não sei. É, nem eu. Situação complicada. Muita. Nunca vi você tão assim antes. Assim como? Assim. Define. Quem tem o dom com as palavras aqui é você, não eu. Não custa tentar. Menos garota, mais mulher. Isso é bom? Acho que sim. Que bom. É, acho que seu olhar mudou. Mudou? É. Mudou como? Tem um brilho diferente nele. Vai ver é a luz. Duvido que seja. Eu não. Para de lutar contra. Não consigo. Devia. Eu sei. Então pára. (silêncio). Eu o conheço? Não sei. Já me falou dele? Já. Muito ou pouco? Muito. Hum, me da mais pistas. Não. Ta, sua chata. Sorry baby. E agora? Não sei. Que olhar é esse? O de quem acaba de ter uma excelente ideia pra um texto. Sobre ele? Definitivamente. Nossa, pelo visto ele te inspira mesmo. Você nem faz ideia. Uau. Pois é, tchau, to indo. Vai embora agora? Vou escrever. Mas já? É, senão perco o raciocínio. Ta bom, va la, tchau. Tchau. Depois me mostra o texto? Claro. Mostrará pra ele? Não sei. Hum. Cada coisa a seu tempo. Ele tem sorte. Por que? Queria eu ser a musa de alguém. Não é uma relação fácil. Por que não? Sei lá. Hum. Tchau, tenho mesmo que ir. Ta bom, mas me mostra depois o texto. Mostro sim. Então tchau. Obrigada. De que? Por me ouvir. Que nada, amigas são pra essas coisas.