Hoje eu acordei pensando nele. Sei que você também. O seu
“ele” não é o mesmo que o meu, mas sei que também acordou pensando nele. Acho
que sempre vamos dormir e acordamos pensando nele né? Parece que sempre tem um
“ele” já reparou? Não adianta. Eu posso ser completamente diferente de você,
mas eu tenho um “ele” e você também. Eu não falei nome algum aqui e nem
preciso, mas você definitivamente tem um nome particular pra atribuir ao “ele”.
E eu também. Sempre teremos. Nossos eles irão constantemente mudar o nome
particular, a vida está constantemente renovando o nome do protagonista, mas
sempre tem um. Alguém. Qualquer um. E sempre passaremos um tempo considerável
pensando nele. Porque é bom. É divertido. É bom conversar mentalmente com ele
fazendo todo um script de conversa que nunca acontecerá. É divertido imaginar
as reações dele se você fizesse isso ou assado, dissesse isso ou assado,
vestisse isso ou aquilo. É bom imaginar a sensação de beijá-lo. É divertido
imaginar algo mais. É gostoso poder simplesmente falar “ele” e suas amigas,
família e sabe mais quem, saberem a quem você se refere. Porque é “ele”. O SEU
“ele”. E todo mundo sabe. Se o proibido e o escondidinho tem um prazer, o
declarado também tem. Ele sabe que é seu. Suas amigas. Seus amigos. Sua família.
Todo mundo. O seu “ele”. Aquele “ele” que começou com somente você sabendo.
Depois sua melhor amiga. Depois outras amigas. Depois amigos. Até que todo
mundo ficasse sabendo menos “ele”. Ai um dia você decide contar a “ele”. E ele
fica sabendo que é seu “ele” especial. Só seu. Você já não tem mais espaço pra
ninguém. Só tem espaço pra um só. Seu desejo é um só. É por “ele”. Somente e
exclusivamente por “ele”. E então você vai dormir pensando nele. E eu também.
Seu “ele” não é o mesmo que o meu, mas sei que também dormirá pensando nele. O
seu “ele”. Aquele “ele” que não precisa ter nome, pois sempre sabemos quem é. E
isso basta.
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