sábado, 1 de junho de 2013

O inevitável

Aí eu comecei a chorar. 
Lágrimas desciam como se eu tivesse aberto a torneira ao máximo. E ele estava ali, ao meu lado, me abraçando, me tendo em seus braços numa tentativa falha de me consolar. 
- P-por favor... - eu supliquei. - Só faça isso parar...
Olhei para ele rapidamente com a visão embaçada pelas minhas lágrimas, e pude sentir um certo desespero vindo dele. Ele não sabia o que fazer. Talvez ninguém soubesse, nem mesmo eu. Talvez isso aumentasse ainda mais a minha dor e o meu desespero.
- O que eu posso fazer por você? Me diga... Qualquer coisa.
E eu respondi, ainda meio sem forças, já que chorar daquele jeito me consumia muito, respondi a única coisa que eu conseguia falar. Pedir para que eu dissesse mais, estava além do que poderia ser exigido de mim.
- Só faça parar...
- Parar o quê? - ele perguntou enquanto ainda me segurava em seus braços, sentados ao chão junto comigo, tentando me confortar enquanto pegava em meus cabelos e me balançava levemente, como fazemos com bebês.
- Parar o tédio. - eu supliquei.
Estranhamente, ao me ouvir dizer isso, algo em mim foi mudado. Algo tinha mudado. Talvez ao descobrir o que realmente me atingia, eu tivesse encontrado a solução. Ao menos o desespero, ou parte dele, agora havia ido embora.
O tédio poderia sim ser por mim mudado. Bastava que eu tomasse certas atitudes para que toda a minha vida mudasse em questões de segundos. Mas aí entraria a questão, queria mesmo mudá-la? De fato o que parecia errado, estava errado? A falta de problemas aparentes, não seria um bem?
Tais questões me remetiam a outras. Questões ainda mais profundas que me levavam de volta ao desespero. Meu choro que já tinha ido embora parecia querer voltar.
- Eu vou chorar... - falei para ele agora um pouco mais alto e com mais força, já que tinha recuperado parte dela.
- Cê não é macho não, porra? - diz uma voz feminina tão conhecida atrás de mim.
Eu não consegui evitar de gargalhar. E de repente assim, através de uma tão cara amizade, eu percebi, ou melhor dizendo, lembrei, o quão rápido podemos mudar o nosso estado de espírito. O quanto a nossa vida pode mudar em apenas questões de segundos.

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